Este é um dos quadros que mais me despertam a atenção sobre este artista. A primeira vez que vi esta obra foi no próprio museu Lasar Segall quando tinha 13 anos. Desde aquele momento, sem muito conhecimento artístico, fiquei muito impressionado pela obra. A expressividade do trabalho, seus tons quase monocromático e principalmente seu tamanho de 230 x 275 cm nos colocam dentro do quadro. Creio que esta obra seja daquelas que se mostram diferentes a cada momento de nossas vidas.
Lasar Segall foi um eterno emigrante. Nasceu na Lituania, mas possou por diversos países do mundo, porém permaneceu no Brasil por quase toda sua vida. Assim, seus deslocamentos entre o Velho e o Novo Mundo, cruzando o Atlântico, produziram instantâneos de viagem, retratos de diferentes tipos humanos, o cotidiano dos marinheiros, detalhes construtivos das embarcações, a experiência da imensidão do oceano em confronto com a fragilidade do destino humano. O destino de Segall, que percorreu enormes distâncias geográficas, culturais e afetivas, para se tornar um artista brasileiro, se cruza com o de todos os emigrantes homenageados nessa tela, que é um testemunho veemente da historia do século 20.
Minha família inteira é de imigrantes portugueses, talvez seja mais um dos motivos pela admiração desta tela.